A informação quer ser livre e quer ser grátis
A desconstrução digital reconfigura a forma de produzir e entregar quase tudo que antes dependia de canais físicos.
“Information wants to be free” como dizem. Esse “free” tem dois significados: a informação quer ser livre e quer ser grátis.
Quem quer empreender deve partir do seguinte: negócio realmente inovador desacopla (da forma mais radical possível) a informação, da infraestrutura física em que antes ela residia. Antes, a informação só chegava até onde o meio físico que a transportava conseguisse chegar – a carta, o disco de vinil, a foto, o livro, o médico.
Mas… A mexicana CEMEX – a mais inovadora concreteira do mundo – criou um modelo puramente informacional para garantir entregas de concreto e cimento com hora marcada em obras e construções (a inspiração foi o modelo logístico de entrega da Domino Pizza). Do UBER não falo mais. A câmera digital desacoplou a imagem do filme que a registrava e do papel que a eternizava. E-commerce já é coisa velha. Precisa repetir que dinheiro físico virou informação pura? Que drones – na guerra e na medicina do futuro – são executores de instruções baseadas em informação manipulada à distância? Que ensino à distância desacopla o conhecimento das presenças físicas do professor e da escola? Que WALMART não é supermercado, mas o balé a que me referi noutro post? Que anúncios classificados, ao migrarem do papel para websites, provocam um pandemônio no modelo de negócios dos jornais? Que você visita o apartamento que quer comprar via web sem precisar ir lá, e desestrutura os corretores? Que um produto de 300 anos como a ENCICLOPÉDIA BRITÂNICA – 22 volumes ricamente encadernados, custando US$2000,00 – some do dia a para a noite desconstruído por Wikipedia/Google?
A informação quer ser livre e quer ser grátis.
E, no entanto, as guildas da profissão médica insistem que jamais a medicina será desacoplada do médico. Investimento em saúde é sempre associado a investimento em estruturas físicas (hospitais, aparelhos…). Inovação em modelos de prestação de serviço em saúde (centrados na informação, não em infraestrutura) são incipientes.
Mas não adianta resistir. Vai acontecer e vai dominar. Informação é uma força da natureza. “Information wants to be free”.
Adaptado de meu livro Inovação em Saúde.