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O problema fundamental da comunicação

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Eis a formulação literal de Claude Shannon para definir o que chamou de “problema da comunicação” em 1948:

O problema fundamental da comunicação é reproduzir em um ponto- de forma exata ou aproximada- uma mensagem selecionada em outro ponto. Frequentemente as mensagens têm significado”.

Há um rico universo de insights novos nessa definição simples. Um leigo poderia pensar que o problema central da comunicação é fazer-se entender. Se A emite uma mensagem para B, o problema central seria garantir que B capturasse o significado do que A quis transmitir, mas Shannon estabeleceu a coisa de outra forma. Para ele “o problema central é reproduzir num ponto uma mensagem selecionada num outro ponto”. Como assim, ”selecionada”? No seu vocabulário, a mensagem não é simplesmente criada, ela é selecionada. É uma escolha que se faz.

Aqui já tem coisa muito séria. Shannon percebia algo que até então ninguém percebera. Para comunicação acontecer, temos que escolher a “mensagem certa” entre muitas mensagens possíveis, digamos. Informação está relacionada à capacidade de escolher uma mensagem que possa levar a algo útil- superar a confusão, a desordem, selecionando algo que seja sinal, não ruído. Ou seja, devemos contornar uma coisa que os físicos chamam de entropia- a tendência à desordem- uma noção que se originara no século XIX num campo da Física que nada tem a ver com informação- a Termodinâmica. Toda mensagem tende a se afogar em ruído e ser tragada pela entropia. A entropia sempre vence no final, mas é possível construir “inteligências” que a superem temporariamente. A natureza faz isso o tempo todo.

O sucesso do Google (criado em 1998, 50 anos após Shannon) tem tudo a ver com sua definição do “problema da comunicação”. Tudo a ver com selecionar mensagens “certas” do meio da infinidade de possíveis mensagens, superando o ruído e a entropia. O Google faz isso por meio de uma máquina virtual- um algoritmo – que usa os usuários da web para acelerar a seleção. Inteligência artificial, deep learning etc.. São consequências do que Shannon fez e do que o Google implementou de forma pioneira. O Google é sobre inteligência artificial, não sobre buscas na Internet. Tudo vem da ciência da informação, apesar de poucos saberem disso (incluindo, provavelmente, os próprios fundadores do Google).

Mas que história é essa de “frequentemente as mensagens selecionadas têm significado”? Como assim? Isso fica para o próximo post…

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