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Quando fazer o que deve ser feito é mau negócio

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Ciência e gestão são atividades pragmáticas, mas de naturezas diferentes. Ciência só têm compromisso com um melhor “entender” (conhecimento), mas em gestão isso não basta.

Gestão é interferência no cenário que está dado para que um resultado seja obtido.

“Informação” para um gestor é inteligência para alterar um curso que esteja dado. Repito: não é saber alguma coisa, não é conceituar, é alterar um curso estabelecido.

A assim chamada (e inexistente) “gestão da saúde”, ignora a noção de “informação” e por isso é catastroficamente ruim. Se usasse informação como outros setores usam, a qualidade do sistema melhoraria e seus custos cairiam. Não falta tecnologia para isso, mas faltam cabeças para produzir as mudanças que a informação ajudaria a dar forma. Mudanças? Sim. Continue lendo.

No sistema de saúde fazer o que deve ser feito é mau negócio. Se você é prestador de serviço, será remunerado por amputar a perna de um diabético cujo quadro complicou, mas não ganhará nada por tornar a amputação desnecessária. É uma coisa medieval.

Nassim Taleb diz: “em saúde é fácil vender “veja o que eu fiz”, mas impossível vender “veja o que eu evitei”. Um médico que não faça uma cirurgia de coluna dando chance dela se recuperar sozinha, não vai ganhar tanto quanto um que faça a cirurgia parecer indispensável. É o segundo que estará dirigindo um Rolls Royce”.

Num sistema que destrói valor assim, as peças não encaixam (é como os tratores exportados pela antiga União Soviética que eram desmontados pelo comprador e só as peças aproveitadas).

No sistema de saúde, as “peças” que não encaixam são as operadoras, as empresas que as contratam, os prestadores de serviço (hospitais etc..), e o usuário final (eu e você). Seus interesses se chocam, conflitam, e o papo dos chamados especialistas é o de sempre: “é preciso mudar o sistema de remuneração; é preciso conscientizar o usuário; é preciso resgatar o espírito humanista e acabar com o mercantilismo. Blá, blá,blá”.

Ninguém diz como “remontar o trator”, mas eu digo: fazendo PREVENÇÃO dar dinheiro; transformando prevenção em bom negócio. Fazendo com que a atenção primária seja atraente para os prestadores de serviço. Remunerando os prestadores pelo “não uso” por parte do usuário.

Aí viria a mudança: pessoas que ficariam doentes, mas não ficam. Gente que iria precisar se internar, mas não precisará. Populações inteiras cujos custos com saúde iriam explodir, ficariam mais saudáveis e seus custos cairiam. Crônicos não se tornariam agudos. Membros não seriam amputados. Pessoas que iriam morrer, não morreriam.

 

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