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O que a saúde tem que outros setores não têm. Ou: por que não há empreendedores em saúde?

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Historicamente, em setores ineficientes como é o da saúde, sempre surgem novas empresas (ou as empresas eficientes expandem-se para ocupar mais mercado). É a ineficiência existente que atrai os empreendedores que criam os Wal Marts, Amazons, Googles, Netflixes, SouthWest Airlines… Mas nunca aconteceu em saúde, nem no Brasil, nem fora. Sem isso não há inovação. O que é tão diferente em saúde?

(Meu livro INOVAÇÃO EM SAÚDE: COMO REDUZIR CUSTOS E MELHORAR RESULTADOS COM UMA NOVA CIÊNCIA, explica direitinho, mas enquanto ele não é lançado, leia abaixo).

Em 2012 a revista Forbes trouxe uma lista dos 400 americanos mais ricos nos setores de saúde, farmacêutico e de varejo. Há 11 empresários da saúde na lista, quatro da indústria farmacêutica, e 21 do varejo. Nove dos 11 empresários de saúde fizeram suas fortunas inventando medicamentos ou dispositivos. Apenas um enriqueceu inovando na organização da prestação de serviços – Thomas Frist Jr., que fundou a HCA, uma empresa hospitalar.
A história é similar em produtos farmacêuticos. Três pessoas na lista inventaram novos medicamentos; só uma descobriu como produzir medicamentos mais baratos (o mercado dos genéricos).

Não há Henry Fords em saúde. Todo mundo acha que a inovação virá de novas tecnologias de produtos (tecnologias físicas), ignorando o fato de que são as inovações em tecnologias de organização do fornecimento do serviço é que farão a diferença em saúde.

Compare com o que ocorre no varejo. Não há um só indivíduo na lista da Forbes por ter inventado um produto inovador. Todos mudaram a maneira pela qual os consumidores consumiam. Isso inclui Wal-Mart (cinco herdeiros estão na lista), bem como produtos de consumo de varejo, Gap, Home Depot, Urban Outfitters, e Hobby Lobby. A riqueza total na lista do varejo é de US $ 100 bilhões.

As economias resultantes de inovações organizacionais em saúde seriam mais que suficientes para levar muitos potenciais empreendedores para a lista de bilionários. Imagine uma empresa desenvolvesse um sistema para melhorar a produtividade hospitalar, prometendo economizar metade dos 8% dos gastos estimados como consequência da ineficiência produtiva (nos EUA). O total economizado seria 100 bilhões de dólares anualmente. Uma empresa que fosse capaz de oferecer ferramentas para racionalizar o uso excessivo de recursos médicos em 25% iria economizar 330 bilhões dólares anualmente (nos EUA).

Hospitais que investissem em sistemas de informação poderiam reduzir efeitos adversos de interações medicamentosas e, assim, reduzir os custos de tratamento. A reconfiguração de lay outs e processos de gestão da demanda de centros cirúrgicos poderiam reduzir os custos de cirurgias. Menos erros significariam estadias hospitalares mais curtas, por exemplo, o que levaria a custos mais baixos. Até o momento, porém, a grande maioria dos hospitais concluiu que os custos financeiros e organizacionais para transformar a suas instituições não são atraentes o suficiente. Nem nossa EUA nem (muito menos no Brasil). Que mistério é esse?

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