A origem do cérebro inovador
Os cérebros dos humanos são programados de forma que, após o nascimento, possam se remodelar. Isso quer dizer que antes do nascimento os genes têm uma estimativa “média” de como o cérebro deverá estar conectado internamente para poder dar conta de coisas como visão, audição e fala ,“no futuro”. Assim,os genes providenciam um “pré-programa” para os fetos. É com ele que chegamos ao mundo.
Após o nascimento, os estímulos que o cérebro recebe confirmam algumas dessas expectativas, desconfirmam outras, inventam novas. Trilhões de novas conexões são criadas. As que não são usadas são simplesmente eliminadas. O cérebro está aprendendo e ,nesse processo, cresce, e se torna complexo.
Dada a vantagem dos cérebros assim (inteligência,por exemplo) seleção natural deve ter tentado nos fazer nascer com cérebros maiores, mas não deu. Não foi possível providenciar na anatomia feminina um canal largo o suficiente para permitir a passagem de crânios do tamanho que a seleção natural gostaria.
Há muitas hipóteses sobre o que teria sido a principal força motriz para termos cérebros tão grandes. Uma delas foi notícia ano passado- teria sido a tecnologia do fogo. A invenção (descoberta) do fogo levou aos alimentos cozidos. Qual a grande vantagem disso? O cozimento de alimentos facilita a digestão. Na verdade, é uma pré digestão. Animais que aprendessem a cozinhar teriam uma grande vantagem pois precisariam comer menos para obter mais energia.Você ganharia muito mais tempo livre que os outros primatas por causa desse enorme ganho de produtividade.
O que você poderia fazer com esse tempo livre? Dominar o mundo, por exemplo.
Ganho de produtividade sempre tem a ver com tempo poupado.
Alimento cozido-liberando energia para produzir mais meurônios- é só uma hipótese para a complexidade do cérebro. Provavelmente muitas causas atuaram juntas.
O que eu acho interessante é a engenharia da coisa -Como é que fetos tão cabeçudos conseguem passar pelo canal apropriado para nascerem?
É um conflito, ou usando a linguagem do INNOVATRIX -uma contradição técnica que pode ser formulada assim :“Quero ter cérebros grandes ,mas não quero ter cérebro grande pois, do contrário, não consigo passar pelo canal pélvico de minha mãe, e não consigo nascer”.
Eu quero, mas o canal pélvico não dá passagem. Deve ter havido um tremendo número de mães (e bebês) que morreram, até que se chegou à “solução inovadora” que usamos hoje: a seleção natural selecionou genes que fazem as crianças nascerem com o maior cérebro possível-que não comprometa nem mãe nem bebê- e providencia o restante de sua estruturação após o nascimento, através de um longo período de aprendizado.
Este é um dos princípios que o russo Altshuller descobriu analisando patentes de engenharia – o nome dele é PRINCÍPIO DE SEPARAÇÃO no TEMPO, e a rota mais robusta que leva a soluções para problemas como esse é “Faça Antes”. Fazer o quê neste caso? A programação cerebral.O software que trazemos embutido e que faz o cérebro se complexificar após o nascimento.
Note que a inovação “alimento cozido” usa o mesmo princípio inventivo para gerar produtividade-“digira antes de comer” (cozinhando os alimentos). Do it in advance- “Just in time” para que o funcionamento do sistema seja o mais produtivo possível.
A infância nos humanos dura mais que em qualquer outra espécie de mamífero. Humanos tornam-se humanos através de um intenso aprendizado, não apenas de competências para sobreviver, mas também de linguagem, costumes: cultura.
Um cálculo simples baseado em comparações com outros primatas revela que o período de gestação para o Homo Sapiens, que atinge um cérebro médio de 1350 centímetros cúbicos, deveria ser vinte e um meses, não nove como ocorre. Por isso eles são tão indefesos, tão dependentes ao nascer. Por que isso acontece? Por que a natureza expõe os humanos ao risco de terem de nascer tão cedo?
A resposta é: para o cérebro conseguir operar maximamente bem depois. Essa inovação ocorre segundo uma das rotase que Altshuller descobriria ,e que valeriam para muitas outras contradições técnicas; em artefatos de engenharia e em organizações humanas também.