A cabeça da Complexidade – a “surpresa” vem da rede
Em todas as situações que citei no post anterior temos redes de muitos “nós”. Os efeitos “macro” que observamos – seja o colapso da União Soviética, a consciência humana, ou um grande terremoto – não estão nesses “nós”, mas nas ligações entre eles. Sempre, sempre, sempre, há algum tipo de rede envolvida na determinação desses efeitos; sejam de pessoas, países, normas culturais, moléculas, o que for…
A “surpresa” vem sempre da rede.
Este simples conceito é totalmente estranho à maioria dos gestores e formuladores de políticas e, por isso, as empresas não inovam, a boa assistência à saúde é inacessível, a violência urbana aumenta, a educação é ruim, as florestas são devastadas, os recursos do planeta se deterioram. A culpa é da ignorância dos efeitos de rede (network effects, na terminologia da complexidade). Os tomadores de decisão não têm cabeça de rede, mas de “nó”.
Os problemas do mundo moderno precisam de um ferramental diferente para serem abordados e resolvidos na empresa, na cidade, no país, no planeta…
Tem outra lógica envolvida neles.
A ciência da complexidade está construindo a primeira alternativa rigorosa ao tipo de pensamento linear e reducionista que dominou nossa forma de pensar desde Newton, e que esgotou sua capacidade de resolver problemas no mundo real.
O mundo real é complexo porque a revolução digital levou a uma explosão de nós interconectados. Redes dentro de redes. E nós, nostálgicos da simplicidade do passado, insistimos em desatar-nos da complexidade, como se isso fosse possível. Insistimos em desatar “nós”.