Reputação e reciprocidade
Você vai jantar com três amigos e combinam rachar a conta. Como sabe que pagará 25% da despesa, escolhe pratos que custem mais ou menos o mesmo que os que seus amigos pediram. É racional agir assim, pois um “amigo” mais malandro que peça lagosta depois que os demais pediram pizza, deixará de ser considerado amigo, algo que nenhum dos três quer.
Já no almoço de fim de ano do escritório há umas 30 pessoas, e você (que está meio duro) vai pedir pizza. Porém, os primeiros a escolher pedem camarões gratinados. Você, que vai pagar 3% da conta de qualquer maneira, muda rapidinho – “camarões para mim também, por favor”. O custo adicional para o grupo será mínimo e você terá uma refeição bem melhor. Muito racional também mas, se todo mundo pensar assim o grupo gastará bem mais do que se cada um pagasse individualmente pelo que consumisse. A “decisão racional” de cada um leva o grupo a explorar a si próprio.
Há inúmeras situações assim nas empresas e na vida social em geral. Tecnicamente chamam a esse tipo de interação de “dilema do prisioneiro” um dos “jogos” mais interessantes do convívio humano.
Times cooperativos têm regras de convivência que bloqueiam o comportamento auto-interesseiro. A tentação de agir em benefício próprio, explorando o grupo do qual se pertence,existe sempre e é humana. Mas há um fator que desestimula isso – a sua reputação, sua marca. Isto é um sinal antropológico. No passado, aqueles que trapaceavam seus grupos eram expulsos deles e não sobreviviam.