Que falta inteligência faz!
Existe um método para descobrir rotas de solução para problemas do mundo real . O método INNOVATRIX que criei, faz isso. Eu o usei para propor soluções para o sistema de saúde , identificando entre todas as possíveis rotas de solução para ele, quais são as prioritárias. Ou seja, identificando por onde começar um novo design para o sistema de saúde. Não é por planos populares, não é por redes de prestadores assim ou assado , não é por regulação, não é por incentivo financeiro… Mas antes de falar disso, deixe-me explicar a base conceitual do INNOVATRIX.
Cérebros humanos são programados para se remodelar após o nascimento. Os genes do feto têm apenas uma estimativa “média” de como o cérebro deverá estar conectado no futuro para dar conta de coisas como visão, audição, fala etc..
Para que possamos operar minimamente no mundo real, genes providenciam um “pré-programa” -uma versão “ ponto zero”- para cérebro de fetos. É com essa versão que nascemos.
No mundo real, estímulos confirmam algumas expectativas das “conexões ponto zero”, desconfirmam outras, relaxam algumas, adaptam, inventam… Trilhões de conexões novas são criadas quando o bebê começa a interagir com o mundo; as não usadas vão desaparecendo à medida que o cérebro se estrutura. O cérebro está aprendendo e , no processo, cresce e se complexifica.
Cérebros grandes e complexos podem produzir tipos de “inteligência” que levam à tremenda vantagem competitiva. Seus portadores têm mais chance de ficarem vivos para fazerem seus genes se propagarem pelas gerações a fora.
Há muitas hipóteses sobre a principal força motriz por trás de cérebros assim .Uma diz que foi a tecnologia do fogo que fez a diferença. Alimentos cozidos facilitam a digestão (na verdade, alimento cozido é uma espécie de pré digestão). Animais que aprendessem a cozinhar teriam uma grande vantagem, pois precisariam comer menos para obter mais energia.Você teria muito mais tempo livre que os outros primatas por causa desse enorme ganho de produtividade.
O que você poderia fazer com esse tempo livre? Dominar o mundo, por exemplo.
Ganho de produtividade sempre tem a ver com tempo poupado.
Alimento cozido liberando energia para produzir mais neurônios no cérebro é uma hipótese. Provavelmente muitas causas atuaram juntas.
Mas como foi que surgiu na anatomia feminina um canal que permitisse a passagem de crânios com cérebros grandes o suficiente para gerar o tipo de inteligência que temos? Como fetos tão cabeçudos conseguiriam passar pelo canal apropriado para nascerem, sem por em risco a mãe?
É um problema de engenharia. Explico adiante, continue lendo.
Usando a linguagem do INNOVATRIX , temos uma contradição técnica que, do ponto de vista de um gene (que quer se replicar!) pode ser formulada assim: diz o gene- “quero construir cérebros grandes/complexos , mas não posso, pois fetos assim não conseguirão passar pelo canal pélvico de suas mães”.
Houve, em tempos remotos, uma pressão evolucionária para a produção de “fetos cabeçudos”, mas o canal pélvico não dava passagem. Deve ter havido uma quantidade enorme de “proto-mães” (e “proto-bebês”) que não deixaram registros. Foram tentativas frustradas que sumiram da paisagem- suas anatomias não deram certo e foram eliminadas pela seleção natural.
Até que se chegou à “solução inovadora” que a mãe natureza usa hoje:
a evolução selecionou genes que fazem as crianças nascerem com o maior cérebro que não comprometa nem mãe nem bebê, e deixa o restante da estruturação dele para depois do nascimento, via um longo período de aprendizado.
A maneira que a evolução usou para isso está identificada nos princípios que o russo Geinrich Altschuller descobriu (o cara que inspirou a construção do método INNOVATRIX).
Deixando de lado as nuances do método e usando uma tabela de engenharia que Altshuller construiu, a rota mais robusta que leva a soluções para problemas deste tipo tem duas variantes.
Engenharia? Como assim?
É isso mesmo. Altshuller era engenheiro e construiu seu método examinando soluções descritas em milhares de patentes que examinou. O problema do “feto cabeçudo” é um conflito entre o “volume de um objeto que se move” (a cabeça do bebê) e o “dano que pode ser causado à estabilidade do sistema” (a integridade do próprio bebê e da mãe). Este conflito já apareceu em inúmeras situações práticas e foi bem resolvido por meio de dois princípios que surgem da tal tabela que mencionei.
O primeiro princípio sugere que você não deixe a interação entre os objetos do sistema ser puramente mecânica.Tem que dar um jeito de minimizar o contato mecânico entre a parte que se move e aparte fixa. O segundo sugere que você procure no sistema alguma coisa que possa ser feita “antes” para minimizar o dano nos “objetos” em contato.
Duas rotas abstratas de solução, identificadas em patentes de engenharia usadas por designers hoje, resolvem problemas do tipo “feto cabeçudo” que a seleção natural encontrou lá atrás:
1-“TROQUE o HARD PELO SOFT”;
2- “FAÇA ANTES”.
A resposta que a seleção natural deu foi a seguinte: programe no cérebro do feto o software que permitirá que ele aprenda e cresça após o nascimento. Programar um conjunto de instruções no cérebro antes do nascimento torna viável um crânio pequeno o suficiente para minimizar os efeitos da interação mecânica feto-mãe durante a passagem. É isso o que está embutido nas instruções “TROQUE O HARD PELO SOFT” e “FAÇA ANTES” .
A seleção natural é o processo de design mais robusto que existe.
Evolução é design!
“Fazer antes” é fazer a programação prévia do cérebro! Fazer com que o cérebro só se estruture completamente depois de passar pelo canal pélvico, através de uma programação feita nele antes!Um software que trazemos embutido ao nascer que faz o cérebro se complexificar após o nascimento e nos dá “inteligência”.
A infância nos humanos dura mais que em qualquer outra espécie . Humanos tornam-se humanos através de um longo processo de aprendizado, não apenas de competências para sobreviver, mas também de linguagem, costumes, cultura.
Um cálculo baseado em comparações com outros primatas mostra que o período de gestação para o Homo Sapiens, que, adulto, atinge um cérebro médio de 1350 centímetros cúbicos, deveria ser vinte e um meses, não nove como ocorre. Por isso bebês humanos são tão indefesos, tão dependentes ao nascer. Por que a natureza expõe os humanos ao risco de nascer tão cedo? A resposta é: para o cérebro conseguir operar maximamente bem, mais tarde. Essa inovação ocorre segundo as rotas que Altshuller viria a descobrir examinando artefatos , e que valem para muitas outras contradições e conflitos na biologia,em engenharia e em organizações humanas também.
Eu usei a abordagem de Altschueller (que adaptei para o mundo das empresas no INNOVATRIX), para tratar do sistema de saúde brasileiro. Descobri que há uma rota de solução mais importante que todas as demais para resolver as contradições da saúde.
Se interessar a vocês, conto mais sobre isso.