Innovatrix

Clemente Nobrega

O que a ciência confirmou esta semana: o processo da inovação começou no BIG BANG

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Você deve ter lido esta semana que cientistas mediram alguma coisa que ocorreu a 13.7 bilhões de anos, e que confirma uma teoria sobre a origem do universo. Fala-se em “dobras do espaço tempo”, ”flutuações quânticas” etc.. Nem os cientistas sabem o que é isso; eles só sabem medir (em outro post explico o que quero dizer).

Mas veja o que escrevi em meu livro novo que vem por aí (“A intrigante ciência das ideias que dão certo e a mágica dos ambientes inovadores”).

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A história da inovação pode ter começado há muito mais tempo do que imaginamos. Veja só.

No instante zero, o universo estava comprimido num ponto infinitesimalmente pequeno-uma singularidade como dizem os matemáticos. O cosmos teve início com a “explosão” deste ponto e começou a se expandir. À medida que se expandia de um ponto para um balão, mais ou menos do tamanho de uma bola de futebol, ele começou a resfriar, e a história do universo se desdobrou para a diversidade.

Antes desta “inflação” inicial , o universo era tão compacto que nem a luz escapava. Era tão uniforme que as (quatro) forças que moldam tudo que existe estavam emboladas em uma única. No instante zero, só havia no universo uma energia superdensa, indiferenciada.. .(nota: foi essencialmente esta história -até este ponto- que os experimentos divulgados esta semana confirmaram).

Prosseguindo: quanto mais se expandia, mais aquele oceano de energia se  resfriava e parte dela coagulava na forma de matéria. A matéria, desacelerando, irradiava luz, e a gravidade e outras forças se manifestavam. Durante bilhões de anos, a diferença de temperatura entre o vazio e a quentura remanescente do Big Bang forneceu a energia para a evolução, a vida, a inteligência e, eventualmente, para a aceleração da tecnologia (como explico em meu livro).

Eram tantas as rotas para tentativas possíveis (e tanto tempo disponível) que acabou acontecendo algo muito interessante. Surgiram estruturas organizadas- ilhas de estrutura- no meio daquele oceano infinitamente caótico de até então.

Um super/mega/hiper oceano de pura radiação, invadindo o “nada”, se resfriava, e um denso emaranhado de radiação se espalhava. Como os tipos de radiação eram infinitos (digamos assim) e havia tempo de sobra,  acabaram aparecendo partículas elementares (elétrons, prótons…) e, depois, estrelas, galáxias, planetas formados por elas.

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Para construir inovação sempre precisamos de duas coisas: conexões entre o maior número possível de elementos, e um ambiente randomizante que estimule encontros, choques, entre os elementos que estão o ambiente. Este foi o cenário do inicio do universo por bilhões e bilhões de anos.

Qualquer coisa que tenha estrutura–galáxias, estrelas, planetas, ou células- é um sistema em que a energia pode fluir para dentro e para fora; sistemas em “não equilíbrio” como dizem os físicos. É o resultado “líquido” desse fluxo de energia  que gera trabalho útil e produz estruturas organizadas.

O que altera (temporariamente) a marcha para a desordem eterna -o primado daquilo que os físicos chamam de entropia- é a “escolha” de caminhos “não entrópicos”, se me permitem falar assim. É isso o que o DNA faz, por exemplo. A vida na Terra é resultado de uma ação assim, energizada pelo sol, que permitiu o surgimento do DNA- esse monumento de à capacidade de trocar com o ambiente.

Um sistema que não troca energia tende a equalizar a temperatura entre suas partes e, com isso, perde o potencial para gerar trabalho útil. Nada acontece, porque tudo fica na mesma temperatura, no mesmo nível, e o sistema caminha para a morte.

Por nossa sorte, o planeta Terra é permeável à energia do sol, portanto, nosso prazo de validade é longo, terá a idade que o sol atingir (se formos sensatos). É 100% certo que universo vai ter um fim,  sua temperatura equalizada por um processo como o que estou descrevendo, mas não antes que possamos fazer coisas bacanas com nossas vidas.

O universo só se tornou transparente porque o emaranhado de radiação originada no Big Bang “esbarrou” em configurações que podiam gerar inovação; eram “adjacentes possíveis”- inovações que existiam como possibilidade (mas não se concretizavam) habitando as profundezas do oceânico emaranhado de energias existente.

Você pode não estar conseguindo visualizar muito bem essa coisa (e nem isso é tão importante aqui), mas Einstein explicou essa transformação de radiação em matéria com seu famoso E=MC2. O que era pura energia se transformou, aqui e ali, em estruturas, em “permanências”. Galáxias, estrelas, sistemas solares. O universo deixou de ser opaco e ficou transparente.

O que você deve guardar é o seguinte: para haver estrutura organizada tem que haver energia fluindo; se não, a entropia domina, e nada acontece. No cosmos, o fluxo de energia foi sustentado pelo resfriamento contínuo  á medida que a radiação se espalhava após o Big Bang- do mais quente para o mais frio, como ocorre numa máquina. Tem que haver “diferença” para que haja possibilidade de algo criativo acontecer.

Na sua empresa, para a energia fluir (e trabalho útil ser realizado) terá de haver algo equivalente- alguma coisa tem que produzir um fluxo que gere trabalho útil, produza resultados de valor. Esse algo é liderança. Gestão só gera efeito por meio de líderes. Sem liderança tudo acelera em direção à desordem suprema.

(adaptado do livro: “A ciência intrigante das ideias que dão certo e a mágica dos ambientes inovadores”).

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