O físico Richard Feynman fala sobre a beleza
“Tenho um amigo artista que às vezes toma posições com as quais não concordo muito. Ele pega uma flor e diz “olha como é bonita”, e eu concordo. Então ele diz: “Eu, como artista, posso ver como a flor é bonita, mas você, como cientista, quer dissecar tudo, e a beleza torna-se uma coisa maçante”.
Eu acho isso maluquice. Primeiro, a beleza que ele vê está disponível para todos, e para mim também, eu creio. Embora não seja tão refinado esteticamente como ele, posso apreciar a beleza de uma flor. Ao mesmo tempo, eu enxergo muito mais na flor do que ele. Eu poderia imaginar as ações complicadas (que também têm uma beleza) dentro de suas células. Quer dizer, não existe beleza só na dimensão de um centímetro; também há beleza em dimensões menores, na estrutura interna, nos processos…
O fato de que as cores da flor evoluíram para atrair insetos que irão polinizá-las é interessante – significa que insetos podem enxergar cores [e ser atraídos pela beleza como nós somos]. Será que esse senso estético também existe em outras formas inferiores de vida? Por que essa atração pela estética? Todos os tipos de questões interessantes – objetos do interesse da ciência – só aumentam a beleza e o mistério de uma flor. Ciência só acrescenta. Não entendo como alguém possa achar que subtrai.
– Richard Feynman, prêmio Nobel em 1965, foi um dos maiores físicos do século passado. Citações dele aparecem em meu próximo livro – “A intrigante Ciência das ideias que dão certo”- que vem aí.