Bem vindos à era do centauro
Há alguns dias, Elon Musk (Tesla, Space X) anunciou que estava criando uma empresa chamada Neuralink. Sem qualquer presença pública por enquanto, ela está focada em acompanhar avanços em inteligência artificial, e criar dispositivos que podem ser implantados no cérebro humano com a finalidade de ajudar pessoas a se fundirem com softwares. Recentemente Musk dissera: “com o tempo eu acho que provavelmente veremos uma fusão mais próxima entre inteligência biológica e inteligência digital”.
Gostei da notícia sobre a Neuralink porque ela parece confirmar uma tendência que detectei em minhas pesquisas: em pouquíssimo tempo, as profissões mais nobres serão realizadas por “centauros”. Centauros serão entidades híbridas constituídas por amálgamas de pessoas e algoritmos de inteligência artificial (AI-artificial intelligence).
Em cerca de quinze anos, por volta de 2030, profissões como medicina, direito, e mesmo administração, serão dominadas por centauros, e isso não é profecia, nem “visão de futuro”, é previsão informada.
A era do centauro será o primeiro estágio de manifestações de vários tipos de AIs nas profissões de alto conteúdo cognitivo. Nelas, os protagonistas não serão pessoas, serão centauros- ”humanos+AIs”.
As AIs não estarão subordinadas a nós como a tecnologia de hoje está. Elas se integrarão a nós. Não vão nos dominar (não num futuro discernível), mas sem elas não teremos identidade. Poderemos (talvez) desliga-las se quisermos, mas se o fizermos nos tornaremos irrelevantes.
A origem do termo “centauro” é a seguinte: após a primeira derrota de um grande mestre de xadrez por uma inteligência artificial (Kasparov X Big Blue da IBM, em 1997), algoritmos começaram a vencer humanos recorrentemente, e essas disputas perderam interesse. O próprio Kasparov sugeriu então que fossem organizadas disputas nas quais os grandes mestres tivessem acesso aos mesmos bancos de dados que os algoritmos de inteligência artificial tinham. Seriam disputas de um híbrido “AI+ Humanos” contra “AIs puras’”.
Os híbridos começaram a ganhar. Humanos “puros” não ganham de AIs, mas quando associados a elas, ganham.
Esses híbridos são chamados de centauros. Em 2016 o campeão mundial de xadrez era um centauro chamado Intagrand.
Pesquisas que estou fazendo mostram porque os centauros serão inevitáveis num curto prazo em todas as atividades que se baseiam em tomada de decisão informada. Para isso me apoio na ciência da informação – um tipo de saber que é confundido com tecnologias físicas, mas que tem pouco a ver com elas. Meus posts anteriores sobre o trabalho de Claude Shannon, servem de preparação, É a ciência da informação que nos permite afirmar o que estou afirmando.
Para sabermos se o futuro será “humano” ou se seremos dominados por inteligências não biológicas temos de entender a ciência da informação.