Innovatrix

O algoritmo é que(m) manda

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Esqueça por um momento as inovações informacionais que vêm facilitando nossas vidas – Google, Uber, AirBnb, Waze, Spotify etc… Pense numa minhoca- esse bichinho “projetado” para sobreviver e reproduzir-se no chão de florestas, quintais e jardins.

Essencialmente, uma minhoca é um tubo que impulsiona a si próprio dentro do solo ingerindo terra numa extremidade e liberando-a na outra enquanto, no processo, absorve micro-organismos nutrientes. Esse design biológico vem equipado com sensores táteis e vibratórios para ajuda-lo a evitar predadores. O “tubo” tem sistemas de backup em seu seus segmentos, de modo que se for cortado em dois, pode se reconstruir totalmente. Ele também se reproduz em número suficiente para aumentar as chances de que quantidades adequadas de filhotes sobreviverão para reproduzirem-se a si mesmos.

O brilhante design desse animalzinho, que é catalogado pelo (mais respeitoso) nome científico de Lumbricus Terrestris foi criado por um algoritmo sem nenhum designer racional.

A minhoca é uma afirmação do poder da informação atuando via tríade: uma “mente” algorítmica + uma variedade de moléculas presentes no ambiente + um processo de filtragem que selecionou as moléculas certas para sobreviver naquele ambiente. A forma final e as funções da minhoca resultam de adaptações (resultados da filtragem) induzidos pela informação para que as moléculas selecionadas sobrevivessem e gerassem crias.

O efeito da informação sempre aparece por meio da ação da tríade.

O mundo do início do século XXI está fascinado por algoritmos a que chamam de inteligências artificiais e que vão redefinir o mundo do trabalho, das empresas e das profissões, e isso deve acontecer mais rápido do que se pensa.

Vai redefinir assistência à saúde, educação, governo. Vai desempregar milhões e criar uma quantidade de novos “empregos” que realmente não sabemos se vão compensar os perdidos. O mundo da produção vai ter de incorporar as inteligências artificiais.

Elas podem provocar uma explosão em crescimento no mundo todo, e o tipo de processo que direciona isso é exatamente o mesmo que molda a complexificação da minhoca. Quem diria,né?

Basta programarmos um algoritmo com instruções simples, produzindo no início o equivalente a uma “minhoquinha básica”- (rudimentar, disfuncional, não perfeita)- e ela poderá evoluir sozinha para um design muito mais sofisticado sob o comando do algoritmo que aprende a aprender.

Algoritmos- esquemas abstratos para codificar informação- podem atuar em qualquer coisa. Valem para minhocas, valem para o Uber, valem para o Watson – a inteligência artificial que a IBM criou e promete agitar o setor de diagnósticos médicos.

Valem para uma infinidade de outras coisas. Tudo que pode ser computado por algoritmos, tenderá a ser.

E só para você pensar: o que somos como humanos também é resultado de computação.

 

Adaptado de “The Origins of Wealth”- Eric Beinhocker; Harvard Business Press, 2006.

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