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Inovação disruptiva no carnaval?

O modelo de negócio das escolas de samba pode estar sofrendo um ataque disruptivo por parte dos blocos.

Este fenômeno ocorre quando alguma coisa antes centralizada, cara, e controlada por “especialistas” – (exigindo recursos como dinheiro ou conhecimentos privilegiados para serem consumidas) – começa a ser atacada “por baixo”, por um produto mais simples, sem tantas funcionalidades (frescuras), mas que tem apelo a consumidores que não gostam /não querem/não podem consumir o produto estabelecido.

O “ataque por baixo” é chamado assim porque o produto disruptivo apela inicialmente apenas aos consumidores menos exigentes de certo mercado. Depois, o consumo vai “subindo” e atingindo consumidores mais exigentes – melhorando a qualidade, agregando funcionalidades e apelando a cada vez mais gente.

Quer dizer, o produto disruptivo, no início, não é tão sofisticado como o estabelecido, mas é mais acessível, funciona “bem o suficiente” , é mais barato, mais simples, mais conveniente. Seus consumidores ficam felicíssimos com ele ainda que suas funcionalidades não sejam as do produto dominante. A alternativa era: ou eles ou nada. No nosso caso, ou o bloco ou as chatérrimas transmissões dos desfiles pela TV.

É comum que este processo, desenrolando-se através de décadas, acabe levando à completa substituição do produto inicialmente dominante. Isso não tem que ocorrer, mas pode ocorrer. O produto disruptivo vai roubando market share do estabelecido aos poucos, até mata-lo.

Exemplos de inovações disruptivas que se tornaram dominantes com o tempo:

– O PC contras os grandes computadores centralizados dos anos 70;
– Os smartphones contra os PCs;
– A Casas Bahia contra as financeiras ;
– O caixa eletrônico contra as agências bancárias;
– As mini usinas de aço contra as gigantes siderúrgicas integradas como a US Steel;
– O Internet banking contra o atendimento no balcão;
– O comércio eletrônico contra a loja ou supermercado ou a agência de viagem;
– A fotografia digital contra o fotógrafo tradicional;
– As linhas aéreas de baixo custo (ponto a ponto, sem serviço de bordo, sem lugar marcado…) contra as linhas aéreas tradicionais;
– As copiadoras de mesa contra os centros de reprografia;
– A Amazon contra as livrarias;
– O Google contra a Enciclopédia Britânica;
… e centenas de outras inovações.

A dinâmica da disrupção está presente em todos os setores, e poder ser considerada um mecanismo chave para a geração de riqueza nova – ou seja, para a inovação.

Os blocos de carnaval, experimentando um renascimento “por baixo” de uns dez anos para cá, tendem a ir se “sofisticando”, mantendo sua característica descentralizada, apelando a cada vez mais gente, e podem vir a ameaçar as escolas de samba tradicionais. Como? Atraindo mais dinheiro que elas (e sem a necessidade de puxar o saco de ditaduras decadentes).

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