Eu gostava de Yuval Haari

Mas ele cometeu um erro imperdoável e o coloquei em quarentena. Ele disse numa palestra (disponível aqui): “Deviam relaxar as medidas antiterror. Terrorismo mata muito menos que quedas de escadas e escorregões na banheira”.

Besteira grossa. O sucesso está estragando o cara. Misturar “evidências” de domínios diferentes é imperdoável para quem posa de professor do mundo.

Nassim Taleb chamou-o de charlatão no twitter. Quedas de escada/escorregões na banheira seguem um padrão no qual existe uma “média” em torno da qual a distribuição “afina” e tende rapidamente a zero. O passado permite prever o futuro.

É impossível, por exemplo, 1% da população morrer de escorregão na banheira no mesmo ano. Sua banheira não foi projetada para te matar. Já eventos tipo contágio por vírus e ações terroristas embutem outro tipo de risco (chamados de riscos multiplicativos) que seguem distribuições “cauda gorda” (fat tail).

Nesses casos, mortes ano passado não permitem prever mortes ano que vem. Um único evento pode dizimar uma população inteira. Você escorregar na banheira não implica que seu vizinho escorregará também.

Não diga que mais gente morreu por ação de raios do que pelo coronavírus. Um raio que cai aqui não implica numa sequência exponencial de raios. Já um vírus…