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A lição do 3G – sem líderes não se inova

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Deu no Wall Street Journal semana passada, e o Valor Econômico reproduziu, mas passou meio despercebido (dada a concorrência com Petrolão, atentado em Paris etc…): a 3G Capital – dos brasileiros Leman, Sicupira e Telles – pode comprar a PepsiCo (pelo menos uma grande fatia ). Aposto que – fechado o negócio – vai começar o oba-oba usual, com elogios ao caráter, vigor, coragem, discernimento, visão… dos três. Tudo lorota.

Assumidamente, a turma do 3G não entende nada de refrigerante (Pepsi), ketchup (Heinz), sopa enlatada (Campbell), hamburguer (Burger King), ou cerveja (Brahma, Antartica, BudWeiser). O segredo é um sistema de gestão que eles põe em prática independentemente do negócio em que estejam.

Este sistema é quase ridiculamente simples – baseado em poucas regras – e leva a uma excepcional cultura de resultados: meritocracia (recompensar desigualmente os desiguais), metas, impessoalidade nas relações, regras claras… É simples, mas extremamente difícil de implantar e manter. Não há muitos exemplos parecidos.

Figurativamente o “sistema 3G” é como um “chip” que espetam nas empresas que compram e as transformam rapidamente. O 3G é inovador porque produz fluxos contínuos de dinheiro novo com seu “chip” gerencial. Não precisa necessariamente de produto novo, nem modelo de negócio novo, nem mesmo tecnologia nova. Gera dinheiro novo de forma consistente? Está inovando.

A tecnologia “inovadora” do 3G é a gestão. A ferramenta que permite implantá-la é a liderança obsessiva que eles exercem no dia a dia. Não há segredo no que fazem. Qualquer um poderia fazê-lo, mas não faz. Por quê? É que não há muitos líderes por aí.

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