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A lei de Newton da inovação

lei de newton
Eis a lei mais geral da inovação: em cada momento da história de qualquer sistema que evolua – seja biológico, social ou econômico- há limitações para as mudanças que podem ocorrer no momento seguinte. Os limites do que é possível, se expandem à medida que você os explora, mas tem que ser passo a passo-a inovação tem que estar dentro do contorno que define os “adjacentes possíveis”. Por exemplo: entrechoques entre espécies químicas existentes há 5 bilhões de anos na Terra, produziram o DNA que, por sua vez, fez explodir possibilidades para mais inovações biológicas. Criar direto um mosquito ou uma orquídea seria “inteligente demais”; não iria funcionar. Tim Berners Lee, o idealizador do protocolo HTML que viabilizou a Internet, explorou a ideia de um espaço de textos conectados um click por vez. Funcionou. Um certo “Projeto Xanadu” que tinha a mesma finalidade e era muito mais “inteligente”, exigia cinco passos sequenciados. Fracassou. Em um dado momento – na ciência e na tecnologia, mas talvez também na cultura e na política – apenas certos tipos de “próximos passos” são viáveis. A história do progresso é , quase sem exceção, a história de uma porta que leva a uma outra porta, a outra… ; o palácio é explorando uma sala de cada vez.

A porta que leva à inteligência artificial está se abrindo hoje-e não poderia ter se aberto antes – porque só recentemente tivemos acesso a ambientes que surgiram quando portas anteriores foram abertas. Essas levaram a:

a- Chips de alto poder processamento que podem ser adaptados para rodar algoritmos de AI. Esta porta foi aberta pela indústria do entretenimento- os chips foram originalmente pensados para serem usados em vídeo games;

b- Entendimento de como nossos cérebros funcionam (redes neurais) – porta que foi aberta pelos pesquisadores da neurociência em centros de pesquisa especializados;

c- Datacenters que armazenam zilhões e zilhões de dados que podem ser garimpados (Google, Facebook, Baidu, Amazon, Microsoft..)-porta aberta de uns 20 anos para cá pelas empresas-gigante que deram certo na Web. Essas são as donas do ativo que hoje é mais valioso que petróleo: dados;

d- Softwares (algoritmos) que simulam o processamento cerebral. Porta que foi aberta pelos pesquisadores da ciência da computação em empresas e universidades.

Várias portas foram abertas a partir de ambientes diferentes dando acesso a um ambiente maior, construído pela comunicação entre elas. Nada disso havia 60 anos atrás quando começaram as pesquisas sobre inteligência artificial. Não podia dar certo antes. Agora pode, e está dando.

Esta é a ideia central para quem quer gerir inovação. Nem empresas nem pessoas inovam além de seus “possíveis adjacentes”. Não adianta exortar ou repetir platitudes do tipo “pensar fora da caixa” ou “reinventar-se” ou “não desistir nunca”. O primeiro passo é determinar onde estão as fronteiras do seu “possível adjacente”. A inovação possível estará a um passo dessa fronteira; não mais que um passo.

 

 

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