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A inteligência sem cérebro

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Se você tiver de aconselhar um jovem sobre uma carreira a seguir, esqueça o convencional sobre medicina, direito, engenharia, administração, economia. Pense no que os algoritmos farão com essas atividades (em mais ou menos 15 anos), e sugira que ele escolha qualquer coisa, mas que antes entenda bem a natureza e aplicação dos algoritmos- ele deve ser bom nisso, não em saberes supostamente especializados.

É que não há “saber especializado” que não possa vir a ser aumentado por algum algoritmo. Todos serão.

Nada que caiba na cabeça de um humano será suficiente para competir com o que saberá um humano “aumentado” por um algoritmo e, ao contrário do que se supõe, essa transição vai acontecer primeiro com as atividades e profissões nobres, aquelas de alto conteúdo cognitivo, não com atividades repetitivas. Estas últimas, ou serão realizadas por robôs, ou serão preservadas à força, via regulação e leis para evitar explosão de desemprego. Ninguém vai proteger as profissões nobres.

Algoritmos estão por toda parte. Investem no mercado de ações, decidem se você pode ter uma hipoteca, e um dia dirigirão seu carro para você. Pesquisam na Internet, colam anúncios cuidadosamente escolhidos nos sites que você visita, e decidem quais preços mostrar em lojas on-line. O PageRank, o algoritmo que potencializa os resultados de pesquisa do Google, tornou seus inventores muito ricos.

Um algoritmo é, essencialmente, um processo sem cérebro que faz coisas inteligentes.

É um conjunto de passos precisos que não precisam de grande esforço mental para seguir, mas que, se obedecidos exata e mecanicamente, levarão a algum resultado desejável. A não necessidade de “cérebro” é fundamental: cada passo deve ser tão simples e tão livre de ambiguidade quanto possível. Receitas de culinária e instruções de direção são algoritmos. (Mas instruções como “cozinhe a carne até ficar macia” ou “a cidade está à poucos quilômetros de distância”, são vagas demais para serem seguidas sem pelo menos alguma interpretação).

Não ter cérebro não impede o tipo de inteligência que é necessária para obter resultados no mundo real

Adaptado em parte de um artigo da revista The Economist.

 

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