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Problemas complicados, problemas complexos

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A crise da previdência reflete um problema complicado, mas não complexo. Problemas complicados tem solução técnica: faça isso, isso, e isso, e o problema está resolvido. Com a reforma trabalhista, é a mesma coisa – soluções técnicas resolvem.

Mas com a saúde isso não ocorre. O sistema de saúde é complexo, não complicado. Não há soluções técnicas para a crise da saúde, só gerenciais. A multiplicidade de componentes (agentes, interesses, incentivos, normas) que interagem no sistema, impede que se obtenham resultados atuando em apenas alguns deles. Para mudar alguma coisa você tem de mudar todas as coisas. A ideia por trás de sistemas complexos é que o conjunto se comporta de maneira não prevista pelos componentes. As interações importam mais que as naturezas das unidades. Estudar formigas nunca nos dá uma ideia de como uma colônia de formigas opera. Para isso, é preciso entender a colônia de formigas como uma colônia de formigas, nem mais nem menos; não uma coleção de formigas. Isso é chamado de propriedade “emergente” do todo: partes e todo diferem porque o que importa são as interações entre as partes. É este tipo de entendimento que resolve as coisas em sistemas complexos, e ele está maciçamente ausente em todos os debates em saúde. Darei exemplos de (pequenas) vitórias que estão sendo obtidas a partir deste entendimento.

 

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