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Mais dinheiro pra quê?

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Fala-se que o Brasil investe pouco em inovação – cerca de 1% do PIB (países ricos, investem duas ou três vezes mais). Será que mais uns bilhõezinhos melhorariam nossa performance? Duvido. Eu não aumentaria investimentos, rearranjaria recursos que já estão no sistema.

No mundo da gestão (de qualquer coisa; privada ou pública), só o que legitima é resultado – output, não input. Sucesso não é medido pelo que entra no sistema, mas pelo que sai dele. Não número de policiais nas ruas, mas redução de delitos. Não campanhas de vacinação, mas diminuição de doenças. Claro que inputs são aproximações – proxys, como dizem- para resultados esperados, mas um gestor que se limita a proxys não é gestor, é um burocrata.

A Apple investe bem menos em inovação do que a média das empresas de tecnologia, mas obtém muito mais resultado. É mais produtiva em inovar. Numa empresa, os dirigentes estabelecem diretrizes (metas a atingir e meios para que sejam alcançadas). Ex: “Queremos que, dentro de cinco anos, 20% de nossas receitas estejam sendo geradas por produtos que não existem hoje”. Os recursos que vão ser alocados para que a diretriz seja cumprida dependem da meta a alcançar, não é simples?

O que empresas inovadoras têm, são processos gerenciados em função de metas de inovação. Assim: “Se tudo continuar sendo feito como vem sendo feito, cresceremos ‘x%’ ano que vem. Mas se quisermos inovar, então, em cima de ‘x%’, colocaremos, digamos, mais um ou dois pontos percentuais, que têm de vir de inovações. Ficando no ‘papai &mamãe’, cresceríamos 20%, mas a meta é 22%. Esses 2% além do ‘esperado’ são inovação na veia. O investimento para chegar lá será um percentual desse ‘extra’ que espero obter (um percentual aplicado aos 2%). Os 2% de inovação terão de ser desdobrados por todas as áreas produtivas da empresa. Cada uma dará sua contribuição para o todo.

Não sabe como fazer? Treine-os, há método para isso. A unidade bateu sua meta de inovação? Prêmios, bônus, fanfarras. Não bateu? Bem, o que acontece com um vendedor que não vende? Com um financeiro que não planeja o fluxo de caixa?

Gestão é resultado, não esforço. Não há mistério. Tem meta, prazo, responsabilização e plano de ação. A cada período tudo se repete – sempre se coloca um delta além do ‘papai & mamãe’, incorporando os ganhos do período anterior. É essa disciplina que produz culturas inovadoras. Não é criatividade, é gestão do processo de inovar.

Órgãos fomentadores de inovação devem parar de se medir pelo dinheiro que injetam no sistema, como se isso garantisse resultado. Sem gestão, não garante. O input que conta é conhecimento, mais que dinheiro.

O erro de se confundir resultado com recursos que entram no sistema, reflete incompetência predatória e ignorância do que seja gestão. Acham que saúde é sinônimo de mais verba para a saúde, que educação é mais dinheiro para escolas, segurança é mais policiais nas ruas etc… Não admira a situação em que essas coisas estão no Brasil.

 

 

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