Innovatrix

As curvas da inovação não mentem jamais

image1

 

O texto abaixo se inspira nos livros e autores acima. Os temas dos quais eles tratam são idênticos, e os livros apareceram ao mesmo tempo. Kevin Kelly e Steve Johnson têm o mesmo olho para a inovação.

++++++

Três intrigantes fenômenos aparecem na “história natural” da inovação.  São os seguintes:

1- As mesmas inovações surgem de forma totalmente independente em culturas diferentes, e na mesma sequência. Culturas que não poderiam saber umas das outras. Veja a figura que Ian Morris construiu e siga minha explicação a seguir:

morris_graph_1_1

O esquema vai de 14000 a 3000 anos antes de Cristo, e compara inovações na cultura ocidental (West- que começou mais ou menos onde hoje é o Iraque); com a cultura oriental (que teve inicio numa região que hoje faz parte da China). O que chama atenção é que as mesmas descobertas e invenções aparecem de forma independente nas duas culturas, na mesma ordem de ocorrência, espaçadas por mais ou menos 2000 anos de intervalo. Primeiro elas aparecem no ocidente (West), e depois no oriente (East). As exceções são panelas de barro (simple pottery) e túmulos enfeitados com bens valiosos (rich graves goods-enterrar alguém num túmulo adornado com um vaso de cerâmica sinaliza que esse alguém era menos importante que outro enterrado com 2 vasos de cerâmica);

Desde tempos pré-históricos, tecnologias com as origens geográficas mais distintas convergem nos mesmos caminhos de desenvolvimento. É um processo independente das culturas ou sistemas políticos que as originam, e dos diferentes sistemas de recursos naturais que as alimentam. Os perfis macro do desenvolvimento tecnológico são universais e predeterminados.

2- A segunda coisa intrigante é que, em todas as épocas, a maior parte das inovações e descobertas foi feita de forma independente por mais de uma pessoa ou grupo.

Descobertas (independentes) simultâneas são a regra, não a exceção. A agricultura foi inventada 6 vezes de forma independente. Manchas solares foram descobertos em 1611 por quatro cientistas diferentes em quatro países diferentes; baterias elétricas foram inventados por duas vezes, com um ano de intervalo. (Coisas semelhantes aconteceram nos primeiros dias da máquina a vapor e do telefone. O telefone foi patenteado no mesmo dia por Graham Bell e um outro cara). Darwin e Wallace chegaram praticamente ao mesmo tempo à teoria da evolução via seleção natural. O que Newton criou iria ser criado por outros. Watson& Crick do DNA idem. O laser, o semicondutor, idem. Nem a teoria da Relatividade de Einstein foge à regra (volto a isso em outro post).

Tentam explicar isso usando termos vagos, como o “zeitgeist”, outros apelam para explicações com conotações místicas (sincronicidade etc…), mas isso não é necessário. É possível explicar o que acontece de forma bem “científica”, como veremos em outros posts.

3- O terceiro ponto é que nos tempos atuais vemos sequencias de inovações e melhorias que parecem praticamente impossíveis de controlar. Parecem ter vida própria. Um exemplo é a famosa “Lei de Moore”. Outro é mostrado na figura traçada por um órgão da Força Aérea Americana em 1953(!!) mostrando como a velocidade das máquinas iria aumentar.

image2

A curva dizia que em 4 anos eles poderiam ter máquinas em condições de entrar em órbita. Um pouco depois haveria máquinas que poderiam vencer a gravidade e ir mais longe. A curva insinuava que se poderia ter stélites quase imediatamente, e se quisessem gastar dinheiro em pesquisa e desenvolvimento poderiam chegar à Lua logo depois disso.

Lembre-se que em 1953 não existia tecnologia para viabilizar nehuma dessas especulações futurísticas. Nem mesmo os mais otimistas visonários achavam que seria possível chegar à lua antes do anos 2000. A única coisa que dizia que isso seria possível mais cedo era uma curva num pedaço de papel. E a curva estava certa.

Raciocínios análogos nos permitem afirmar que o celular dobrável, as tecnologias vestíveis o carro sem sem motorista, são possíveis passos seguintes de inovação. São as curvas de tendências de inovação que dizem,e as curvas não mentem jamais.

 

 

Leia também