Comunicação – apenas use, não tente entender!
Shannon não definiu o que é “comunicação” ou “informação”- ele não definiu conceitos- apenas especificou o problema que afligia os engenheiros de uma forma que permitiu que fosse resolvido, independentemente da definição do que chamavam de comunicação.
Eis suas palavras literais:
“O problema fundamental da comunicação é reproduzir em um ponto- de forma exata ou aproximada- uma mensagem selecionada em outro ponto. Frequentemente as mensagens têm significado”.
Poderíamos pensar que o problema central da comunicação é fazer-se entender. Se “A” manda uma mensagem para “B”, o mais importante seria garantir que “B” capturasse o significado do que “A” quis transmitir, mas Shannon estabeleceu a coisa de outra forma. Para ele “o problema central é reproduzir num ponto uma mensagem selecionada num outro ponto”. Como assim, “selecionada”? Como assim, “frequentemente têm significado”? Há um rico universo de insights aí, que vamos ver depois.
En passant, e só para registrar: inteligência artificial opera de forma rigorosamente análoga: ela obtém respostas para questões que não são formuladas por perguntas, mas pela especificação de problemas a resolver no mundo real. Como crianças aprendendo o que é um gato, elas não pedem a definição de gato antes de identificar um, elas aprendem a reconhecer o “padrão” chamado “gato” a partir de seus encontros com gatos de vários tipos em suas navegações pelo mundo.
Esta é outra coisa que vale guardar: o conhecimento que um algoritmo de inteligência artificial adquire, é adquirido por experimentação no mundo. Sem conceitos. Sem explicações. Sem definições. O algoritmo não julga, ou direciona, apenas cumpre seu obstinado papel de algoritmo, e isso tem implicações (continua)