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Caminhões e complexidade

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A dinâmica da greve dos caminhoneiros é conhecida – é a dinâmica da complexidade. Multidões de agentes conectados por Whatsapp formando redes dentro de redes, motivados por uma imensa frustração comum, e sem centro de comando. Tecnologia viabilizando interações que levam a efeitos explosivos. Sem Whatsapp a greve não teria ocorrido. Sem tecnologia não teria havido Al Qaeda, mas também não haveria comércio internacional do tipo que tira China e Índia da pobreza. O “crash” financeiro de 2008 não teria acontecido, mas os aumentos de prosperidade que o mundo vem experimentando também não. Redes não têm centro, não há “locais” óbvios onde se possa intervir para “controlar”. Seus efeitos tentaculares potencializam progresso, mas também geladeiras vazias, hospitais paralisados, multidões a pé pelas ruas . Podem levar sistemas sociais para a beira do precipício.

É quando testemunhamos o espetáculo de sempre: políticos intelectualmente indigentes errando nas quatro operações (como aquele gordinho patético). ”Líderes” fazendo discursos moralizantes para faturar prestígio. Intelectuais idiotas contando historinhas (Nassim Taleb : “Intelectual yet idiot”). Oposicionistas estúpidos fazendo de tudo para aparecer. Governantes (igualmente estúpidos) expondo sua mediocridade oceânica para mostrar que estão “fazendo alguma coisa”.

Nostálgicos da linearidade do passado, insistem em desatar nós, mas a complexidade é sobre relações, não sobre nós. Especialistas, “líderes”, intelectuais, artistas, formadores de opinião – essa turma que quer nos salvar porque sabe o que é melhor para nós não sabe de nada.

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