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Injustiça é quando percebemos que os iguais são tratados desigualmente

Quando o tema é “interesse individual versus coletivo” (posts anteriores) o comportamento de grupos humanos é previsível, e não tem nada a ver com educação, nível intelectual ou geografia – na Finlândia, Haiti, Japão ou Ruanda é a mesma coisa.

Pessoas só se comportam de modo a beneficiar o grupo se avaliarem que vale a pena, o que só ocorre se percebem que estão recebendo proporcionalmente ao que estão dando. Em ambientes em que existe reciprocidade, nosso instinto nos direcionará a cooperar. Funciona assim: nossas mentes tiram uma amostra do ambiente ao redor e, se as pessoas são cooperativas, tornamo-nos como elas.

Porém, em ambientes trambiqueiros, vivemos permanentemente desconfiados e agimos como todos agem: protegemos nossos próprios traseiros.

Cooperação com base em reciprocidade é a norma mais arraigada nas relações sociais (famílias, países, empresas…).
Receber algo a que não se faz jus é intolerável, e não receber o que é justo em troca de uma contribuição legítima, também é.

No contexto empresarial chamam isso de meritocracia, ideia que reflete uma verdade sobre a natureza humana: não somos nem aproveitadores nem cooperadores compulsivos, somos cooperadores condicionais. Estaremos sempre dispostos a dar nosso melhor, desde que…

Pessoas aceitam quase tudo, mas têm rejeição visceral à injustiça.

Injustiça é quando percebemos que os iguais são tratados desigualmente (ou quando os desiguais são tratados igualmente, dá no mesmo).

É falta de meritocracia, de critério para promover ou demitir, elogiar ou criticar, recompensar ou punir. Em uma palavra, é ausência de reciprocidade tal como percebemos.

Na minha experiência, empresas a partir de certo porte viram caldeirões de ressentimentos, e isso é um dos fatores que as tornam vulneráveis à competição externa. A origem do mal está dentro, não fora. Não é o mercado que causa a derrota, é mágoa, raiva, inveja – fatores humanos muito “Shakespeareanos”. É isso que trava.

Há um bom acúmulo de evidências indicando que essa rejeição radical ao que nos parece injusto pode ter origens ancestrais, e que ela é parte do que nos define como humanos.

Assista o vídeo. O objetivo da gestão é obter resultados por meio de colaboração entre pessoas, cuidando para que o ambiente sustente a colaboração no grupo. Não há chance de se criar prosperidade sem esse tipo de “capital social”.

Capital social é muito mais importante que capital físico para gerar riqueza. Vários experimentos têm mostrado quais são as características que têm que estar presentes para haver capital social num ambiente: meritocracia, processos justos, reciprocidade. Se isso não existe, não há confiança; sem confiança, nada se sustenta.

 

 

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