Innovatrix

Sem padronização não há inovação

trem

A situação em saúde hoje é análoga à que havia no início do transporte ferroviário – a largura entre os trilhos não era padronizada, o que tornava o transporte demorado, encarecia o frete e diminuía a produtividade. Em cada fronteira, o trem tinha de parar e as cargas eram transferidas para outra composição com as bitolas dos trilhos do outro estado.

• Falta de padrão mata a produtividade em qualquer setor. Padrão só se consegue com integração. Não estou ouvindo nenhuma autoridade falar em integração, só as ouço pedir mais dinheiro.

• Se o pressuposto em saúde fosse o mesmo de outros sistemas de prestação de serviços, o primeiro passo seria integrar os agentes que compõe o sistema. Qualquer sistema cujo foco seja o usuário tem de ser integrado by design.

• Mas o que vemos são agentes preocupados só com “a sua coisa”. Não há visão compartilhada entre gestores das estruturas assistenciais (UPAS, OSs, hospitais, etc); a descoordenação é brutal entre as esferas municipal-estadual-federal do SUS; idem entre estas e o sistema privado; idem dentro do sistema privado, com agentes empurrando custos uns para outros (glosas malucas gerando cobranças infladas, mais glosas malucas, mais cobranças infladas, etc); idem nas tentativas de agências reguladoras de assegurar acesso “na marra”, sob ameaça de multas e penalizações; idem na impressionante judicialização da saúde, com os tribunais querendo “proteger” o usuário a qualquer custo. Idem no comportamento do próprio usuário, que não reconhece efeitos de seus hábitos individuais (fumo, obesidade, bebida) nos custos que todos pagam. A lei lhe garante atendimento, o sistema que se vire.

• Fragmentação em tudo implica que nada pode ser padronizado. Sem padronização não há ganhos de eficiência – a cada movimentação de um usuário dentro do sistema, a informação sobre ele tem que ser gerada de novo. Repetem-se exames sem necessidade, alteram-se diagnósticos de forma inconsistente, mudam-se prescrições terapêuticas, aumentam-se riscos, aumentam-se custos, filas e outras inconveniências (como mortes, por exemplo). Tudo vai se compondo na direção errada. Não há como fazer a informação sobre o usuário viajar íntegra pelo sistema? Então repete-se, repete-se de novo, de novo, de novo…

 

Leia também